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Pastor Bulgarelli: dos braços da morte para uma vida plena com Jesus

Líder religioso teve vários livramentos que o levaram a ficar definitivamente na presença de Deus  
 

 

Por *Aristides Barros
 

 

Hoje, aos 54 anos de idade, Jefferson Bulgarelli de Abreu, o Pastor Bulgarelli – fundador da Igreja Livro de Betel da Última Hora, cuja matriz é em Bertioga – SP – Brasil, e que teve sedes na Alemanha e Suíça, traz fatos marcantes de sua vida, considerados fundamentais na sua conversão e na sua conduta regrada pelo Evangelho do Nosso Senhor Jesus Cristo. São pontos que foram se juntando até formar uma forte aliança com Deus.

O caminho para a Salvação em Cristo foi tortuoso. Começou logo com o primeiro livramento ocasionado pela intenção de sua avó, Olinda Prando Bulgarelli, de que sua mãe, Edi Lamar Bulgarelli, o abortasse. O motivo de cogitar a morte, antesde o menino nascer, não era devido a problemas financeiros. Seu pai, Moacir Amâncio de Abreu, 86 anos – aposentado e que vive em Santos – ganhava muito bem ocupando o cargo de gerente de uma agência bancária.

A intenção abortiva aconteceu porque a avó achava um erro uma mulher ainda muito jovem ter outro filho. Edi Lamar contava com 17 anos e já tinha Jane de 3 anos de idade, quando engravidou pela segunda vez. Assim, mãe e filha saíram para a “sentença de morte” de Jeferson, que não foi consumada.

Deitada numa cama, a gestante esperava para “tirar” a criança quando ouviu uma voz ordenando que saísse imediatamente dali o que ela, sabiamente, obedeceu. Deixou o local às pressas. Pouco tempo depois da sua fuga das trevas deu à luz a Jefferson, no dia 14 de setembro de 1966. O bebê trouxe alegria ao lar dos Bulgarelli e a certeza de que Deus ama e protege os seus filhos, antes mesmo desses abrirem os olhos para ver a luz do Mundo.

SEGUNDO LIVRAMENTO – Além da mãe cuja importância em sua vida é muito significativa e relevante, porque apesar dos muitos percalços o gerou e o salvou da morte precoce, outra pessoa guardada com extremo carinho na mente e no coração do Pastor Bulgarelli é o seu avô Albino Bulgarelli.

Os avós maternos, Albino e Olinda, saíram da Itália na década de 40 com destino ao Brasil. Igual à história de muitos imigrantes, eles trouxeram na bagagem sonhos e esperanças de uma vida mais promissora, e com menos dificuldades. A escuridão turbava a claridade do Mundo destroçado, pela 2ª Guerra Mundial que ainda estava em curso.

O avô tinha no neto o xodó da casa. E, no sentido literal da palavra, quase o matou de tanta alegria. Foi no dia 21 de junho de 1970 quando a seleção brasileira se sagrou tricampeã mundial no México, ao vencer por 4 x 1 a Itália. Embora italiano, Albino amando a pátria que o acolheu, torceu e comemorou esfuziantemente a conquista do escrete canarinho.

Na comemoração do título jogava o neto para o alto repetidas vezes, e aos gritos repetia. “Jefinho o Brasil ganhou, o Brasil é campeão de novo”. Entretanto, o menino havia passado acabado de passar por uma cirurgia na garganta, com a retirada das amígdalas. À noite, os contínuos solavancos resultaram numa hemorragia percebida pela mãe, que foi olhá-lo quando ele dormia. Na verdade, Jeferson havia desfalecido: se afogou no próprio sangue.

O avô e seu tio Carlos Negocia o levaram para o Hospital das Clínicas, em São Paulo. Chegou inconsciente sendo reanimado pelos médicos que disseram que se demorasse mais uns cinco minutos teria morrido. Permaneceu internado na unidade de saúde por três dias.  

Da infância, tem muitas recordações profundas e ternas do avô, que ao saber que a avó intencionou que a filha abortasse o neto, por pouco não a agrediu fisicamente.

Quando Albino Bulgarelli faleceu, Jefferson sentiu que uma parte sua morreu com ele. Até hoje sente saudades do italiano que sempre foi mais presente que o pai. Amâncio e Edi se divorciaram quando ele tinha3 anos. Nunca conheceu os avós paternos os quais sequer sabe os nomes.  

PADRASTOS, CANDOMBLÉ, DROGAS E MAIS ESCAPATÓRIAS DA MORTE. “DEUS LIVRA SEUS ESCOLHIDOS”

Depois dos 10 anos de idade, a vida de Jefferson deixou de ser o mar de felicidade que embalava os sonhos e as fantasias das crianças daquela época. A família começou a “esfacelar” devido à forte dificuldade financeira.

Ele e a mãe ficaram sem a companhia da irmã mais velha, Jane Cristina de Abreu, que foi morar com uma tia, e a irmã mais nova, Janaina de Moraes Farias (falecida aos 30 anos de idade devido a um câncer intestinal) que foi morar com o pai, Valdir.

Edi Lamar conheceu Valdir de Moraes, que juntamente ao pai, Geraldo de Moraes, eram donos de um terreiro de candomblé. A mãe de Jefferson se dedicou demasiadamente a esse segmento religioso, que teve a participação do filho. Da infância a maturidade, ele a acompanhou nos trabalhos, que consistiam em despachos e entregas de oferendas em encruzilhadas e cachoeiras.

Sem o entendimento cristão sobre o que e para que serviam aquelas atividades, e para quais fins eram realizadas, ele achava atraente tudo aquilo pelo grande movimento de pessoas. Às vezes Geraldo Moraes até alugava ônibus para fazer “despachos”, por causa do número alto de participantes.

Valdir, o padrasto tinha um Gordini e levava o enteado, que gostava da aventura de acompanhar os trabalhos do centro. Isso perdurou dos 10 anos de idade até os instantes iniciais do seu casamento com Rosa Maria Quirino de Abreu, integrante de uma família tradicional de Bertioga.

A união matrimonial de Jefferson e Rosa foi em 23 de maio de 1987 e dela nasceram: Joyce Quirino de Abreu 32 anos, Jefferson Bulgarelli de Abreu Junior, 24 anos e Ester Quirino de Abreu, 20 anos de idade. A família vive em perfeita harmonia.

Com Valdir, Edi Lamar teve Janaína, que anos mais tarde morreria devido um câncer intestinal. O relacionamento do casal terminou. E foi depois disso que apareceu na vida dela o cearense José Pereira, pai de Tiago, irmão caçula de Jefferson. Ele e o Pastor Jeferson se tornaram grandes amigos.

VIDA CONTURBADA – Explosivo, o menino Jefferson tinha um comportamento de extrema rebeldia que lhe custou quatro expulsões escolares, sendo que na última acontecida em um colégio dirigido por padres e freiras decidiu nunca mais entrar numa sala de aula. Com 12 anos abandonou definitivamente os estudos.

Cursou só até a quarta série primária – hoje quarto ano do ensino básico. Deixando para sempre a escola foi trabalhar numa oficina de funilaria e pintura de automóveis pertencente aos seus tios Nilson Bulgarelli (irmão de sua mãe) e Carlos Negocia (cunhado de Edi Lamar).    

O início da vida profissional foi recepcionado com pesada bronca do tio Nilson. Enraivecido com a decisão dele “previu” o futuro do sobrinho dizendo que sem estudo Jefferson seria um “João ninguém”. Não seria nada e nunca sairia de Santo André para conseguir algo promissor.      

Dando um salto no tempo e já na condição de pastor e missionário nas viagens acontecidas entre os anos de 2008 e 2009 na Alemanha, Itália, Suíça e Áustria, vinham-lhes à memória as palavras do tio, motivadas pela preocupação com o sobrinho. Agora, maduro o líder religioso afirma convictamente que os planos para as nossas vidas são traçados por Deus.

Quando estamos com Ele temos uma condução certa. Quando estamos por nossa própria conta todos os caminhos levam a lugar nenhum e as trilhas são de sofrimento. Aceitar a Jesus Cristo torna a nossa marcha menos dolorosa, e o final dela somos contemplados com a paz e felicidade da vida eterna.

ASCENSÃO E QUEDAS – Jeferson começou a trabalhar aos 12 anos e aos 14 teve o seu primeiro emprego registrado em carteira, que traziacomo profissãopintor de automóveis.

Aos 14 anos conheceu as drogas e o álcool. Adolescente bebia mais que muitos adultos, cheirava cocaína. fumava cigarro e maconha continuamente.Os vícios perduraram por muitos anos, dos 14 aos 18 anos se entupia de drogas. Todavia, o uso frequente não causou dependência química. Quando decidiu parar de ser usuário foi instantâneo. DEUS CURA E LIBERTA.

Ainda na adolescência e usuário de drogas, se envolveu em vários atos de violência quando ingressou numa das torcidas organizadas do Palmeiras, clube que não esconde ser árduo torcedor. Seguia o Palestra Itália por todos os cantos do país, e a morte ia com ele.

A paixão pelo futebol e a idas constantes aos estádios para acompanhar os jogos da agremiação alviverde, dentro e fora de São Paulo, aumentaram o comportamento agressivo do rapaz, que rasgava a roupa e a carne em violentos confrontos com os torcedores de outros times.

Numa dessas brigas, o terceiro livramento. O dirigente da torcida organizada de um clube da Baixada Santista lhe desferiu dois tiros de revólver. No primeiro a bala explodiu contra o asfalto, e no segundo à queima roupa que era morte certa, a arma picotou: a bala não saiu do tambor.              

No Rio de Janeiro, deu outra volta na morte saindo com vida de uma pancadaria generalizada quando seu clube enfrentou o principal time carioca. Depois do jogo houve uma “guerra” das torcidas.

Em meio a gente ensanguentada, desmaiada, saiu da carnificina com ferimentos leves. MIL CAIRÃO A EU LADO, 10 MIL CAIRÃO À SUA ESQUERDA, E TU NÃO SERÁS ATINGIDO. A batalha no Rio foi o quarto livramento.
 

O COMEÇO DA VIDA EM BERTIOGA E O CASAMENTO COM ROSA

Entregue às drogas e com a degradação moral e física completadas nas brigas dentro e fora dos estádios de futebol Jefferson não tinha mais uma vida, no sentido próprio da palavra.

Percebendo que o filho estava em queda livre rumo ao fundo do poço a mãe resolveu findar àquela autodestruição optando por sair de Santo André, onde ele viveu a infância e adolescência, em busca de um novo destino, antevendo que se não tomasse uma atitude o primogênito logo desceria à sepultura. Em 1985, Edi e Jeferson chegaram em Bertioga.  “APARTAI-VOS DO MAL”.

A decisão da mãe se converteu no maior livramento ao filho, que tempos depois viria a se converter entregando a vida a Jesus Cristo, para, com Ele ficar na presença de Deus.

No Litoral, continuou a usar drogas não na mesma quantidade que, inconscientemente, vinham com “desejos embutidos” de ser parceiro da morte. Parou com a cocaína e maconha aos 19 anos, mas prosseguiu com o cigarro e álcool. Deixou de lado a cannabis e cocaína ao conhecer sua esposa, Rosa Quirino.

O primeiro encontro causal foi no dia 7 de setembro de 1.985. Um ano depois ficaram noivos, e em 23 de maio de 1987 se casaram. E o calendário marcava 26 de junho de 1988 que foi a data do último grande porre na comemoração do nascimento de Joyce, sua primeira filha. Como já citado além dela, Jefferson e Rosa têm Jefferson Junior e a caçula Ester Quirino.    

A responsabilidade marital e paternal foram tirando as partes que permaneciam dentro do poço. O chefe de família parou definitivamente com as drogas, o que o impedia de atravessar a ponte para o encontro e aceitação de Jesus Cristo como Salvador.

A vida na cidade litorânea começou bem. O pintor de automóveis acrescentou à sua profissão o ofício de pintor de residências. Foi gerente do Supermercado Albatroz, no Jardim Rio da Praia.

Em 1.986 um convite da Sociedade Amigos da Riviera lhe abriu as portas para trabalhar no condomínio de luxo, no setor de segurança do empreendimento que começava a se expandir. À época tinha apenas quatro módulos (3, 4, 5 e 18), Jefferson fazia as rondas a pé no período noturno.

CHAMADO DA MORTE – Trabalhando na área de segurança da Riviera, deixou o trabalho, ao atender um pedido do irmão do seu pai. O tio Modesto Amâncio o convidou para administrar o sítio dele, em Vargem Grande Paulista, no interior de São Paulo.

O convite aceito teve o efeito marcha ré. Passou a andar com os primos Reinaldo e Aguinaldo, formando um trio de brigões. Não usava drogas ilícitas, o que compensava no consumo excessivo de álcool e cigarro, vícios que se libertou aos 22 anos de idade.

Nos nove meses que ficou em Vargem Grande Paulista a única coisa que deu certo foi o nascimento da filha Joyce, não propriamente na cidade, mas em Cotia, município vizinho cuja distância que o separam é de 10. 8 km. Na vinda ao mundo da menina é narrada a história de múltiplos livramentos.

No sítio, o mestre de obras Adelson que construía um prédio comercial para o tio Modesto tinha um Chevette. Jefferson pediu que o trabalhador o levasse a Bertioga, visando trazer a mãe e a sogra para verem a neta.

No hospital de Cotia, a esposa já com a nenê nos braços, amamentava a filhinha. O marido e o mestre de obras entraram no Chevette 77, de Adelson e rumaram para o Litoral.

Os 156 km que poderiam ser percorridos em 2 horas “duraram” 7 horas. Saíram de Vargem Grande às 8 horas e chegaram ao destino às 15 horas.

A demora decorreu das paradas por todos os bares existentes ao longo do trajeto. Em Bertioga, não descansaram da viagem e nem deram trégua ao fígado: passaram a noite toda na bebedeira.

Saindo pela manhã do Litoral foram direto para Cotia buscar Rosa e Joyce. No retorno a Vargem Grande o “Chevette” do mestre de obras teve problema nos freios, foi descendo desgovernado em um trecho de serra.

Além de Jefferson e Adelson que continuavam bêbados, no carro estavam a esposa, a filha recém-nascida, a sogra e sua mãe Edi Lamar.

Habilidoso, o mestre de obras engatou a primeira marcha e o veículo sem freios chegou até o sítio do tio. SEIS VIDAS FORAM SEGURAS PELAS MÃOS DE DEUS.

Com tudo dando errado houve a decisão certa de voltar para Bertioga. Em 1988, trouxe no caminhão do amigo João Pinto os móveis, a esposa e a filha. No mesmo ano, voltou a trabalhar na Sociedade Amigos da Riviera. Em 1989 ingressou na Segurança de Elite, em 1990 foi promovido a Inspetor de Segurança Operacional do S.O.S (Sistema Ofensivo de Segurança.

Mas, em 1993, novamente pediu demissão. Juntou o dinheiro da rescisão contratual e montou uma oficina de pintura de automóveis no Jardim Indaiá. Dono do próprio negócio, esperava bonança: vieram vento e tempestade. Enfrentou problemas na sociedade estabelecida com o cunhado, que depois se afastou do negócio.

Ficou só diante de inúmeras problemas que entravam porta a dentro e se amontoavam, só o serviço não aparecia para pagar os aluguéis que iam acumulando.

A QUEDA BRUTAL E ALIANÇA DEFINITIVA COM DEUS, APÓS O "CONVITE" DA MORTE

O ano de 1994 teve dias maus ilustrados na série de perdas materiais e dois infartos, quase sequenciais. No primeiro dirigia o carro pela rodovia Rio-Santos e desfaleceu. Porém logo se restabeleceu e seguiu viagem.  

Uma semana depois vinha de Guarujá com o sogro, Antonio Quirino, e ao deixá-lo no Indaiá, onde é a residência do pai de Rosa, acabou desmaiando no posto de saúde do bairro, para onde foi ao sentir-se mal. Chegando na entrada da unidade de atendimento médico caiu como uma pedra.

A saúde debilitada motivou a venda da oficina. E com ela vieram mais problemas: o comprador além de não pagar deixou uma dívida de 30 mil URV’s (cerca de R$ 130 mil). A URV era a “moeda” da época que deu lugar ao Real. Retomou a oficina e a pesada dívida.

A forte pressão ocasionada pela sequência de fatos negativos juntada ao valor alto do débito provocou os infartos seguidos.

O Maligno aproveita os momentos mais difíceis da vida do ser humano para apontar “soluções fáceis”, encorajando-a a atitudes desastrosas, que jamais faria se não estivesse com espírito enfraquecido e os pensamentos descontrolados.

A sequência de perdas (casa, carro e outros bens materiais) o levou ao extremo. Em 1998, trafegando pela Rio-Santos com um acompanhante ao lado – seu amigo Magrão –, ia ao volante, perdido nos problemas trazidos pelas escolhas mal feitas.

Depois de passar pelo Jardim Rafael ouviu uma voz o convidando a se matar. “Pisa fundo no acelerador, você vai ter uma morte instantânea, não vai sentir dor e vai descansar. A sua esposa casa com outra pessoa que vai cuidar bem dos seus filhos, e você vai descansar com Jesus.”      

Jefferson atendeu o pedido. Acelerou o automóvel o deixando em rota de colisão com um ônibus que vinha no sentido contrário.

A batida seria inevitável e do violento choque sobrariam dois corpos sem vida, dilacerados, presos entre ferros retorcidos.

Nesse seu quinto livramento, ele se lembra apenas que ao abrir os olhos estava no acostamento próximo ao Mangue Seco. O acompanhante, assustadíssimo, contou que foi como se alguém tivesse empurrado o carro para o lado, evitando a colisão quando faltavam milímetros para o choque mortal. O amigo foi embora e Jefferson continuou o percurso.

Na entrada de Bertioga, pela Avenida 19 de Maio, encontrou Iraci Quirino Pinho, sua cunhada que surpreendentemente o aguardava. Ao vê-lo foi logo falando que Deus a mandou esperá-lo ali, que Ele iria interagir na vida do cunhado.

Os dois foram para a casa dela. Lá, o marido Jurandir Pinho – seguidor do Evangelho de Cristo – orou pelo cunhado o convidando a caminhar nos passos de Jesus.

Reticente, Jeferson aceitou a oração, mas resistiu à ideia de conversão. Tinha o coração endurecido pelas contínuas pancadas da vida, não via luz no túnel, nem acreditava em promessas de paz depois de vivenciar tantas turbulências, e andar dentro do olho do furacão. “VINDE A MIM TODOS QUE ESTÃO CANSADOS E OPRIMIDOS E EU VOS ALIVIAREI”.


A trave foi aos poucos saindo dos olhos feitos para ver, e a Palavra “entrando” nos ouvidos feitos para ouvir. A rebeldia foi dando lugar à mansidão. A mudança paulatina aconteceu nas frequentes participações dos cultos realizados na residência do cunhado. Jefferson se converteu.

 

HOMEM DE DEUS - A conversão se deu na Assembleia de Deus, Ministério de Santos – em Bertioga –, em 1998. Depois de seis meses de aceitar Cristo em sua vida foi batizado pelo Pastor Adaltivo. A consagração a diácono foi em setembro de 2000, por meio do Pastor João Alves Corrêa.

Consagrado diácono saiu da “Assembleia” para ajudar o cunhado Jurandir, que também era diácono e havia fundado a Igreja Ceifeiros da Última Hora.

Na “Ceifeiros” conheceu o Pastor Euclides, da Convenção das Assembleias de Deus Autônomas do Brasil, que o consagrou evangelista em 2004 e pastor em 2006.

Nesse mesmo ano da consagração a pastor fundou a Igreja Livro de Betel da Última Hora, revelado pelo Pastor Elias – da cidade de Ibiúna – que disse ao Pastor Jefferson que Deus mostrou uma ordenança para ele. Foi quando sonhou com a placa da igreja. Sem hesitar fundou-a para ganhar almas para Jesus.

 
SEM TETO - Os que aceitam Jesus enfurecem o diabo, que engendra várias formas para desviá-los e atacá-los. Quando soube da conversão de Jeferson. Edi Lamar irou-se.

Irada, a mãe disse não mais reconhecê-lo como seu filho. No novo corte do cordão umbilical, ele que havia acendido a vida em Cristo viu apagar a boa relação materna.

A fúria da conversão também acometeu o pai. Moacir deserdou o filho – já consagrado Pastor - sob o argumento de que a aceitação a Cristo era coisa de louco.

Ele, por sua vez, rebateu com um versículo bíblico. “O justo vai viver do seu suor” e ressaltou que nunca precisou do dinheiro do pai.

A discussão provocou um longo silêncio entre eles: ficaram sem conversar por 10 anos.  

Literalmente sem pai e nem mãe,a situação foi agravada quando Edi Lamar o proibiu de entrar em sua própria casa, que ele construiu nos fundos do terreno dela no Jardim Indaiá. À essa altura, a matriarca já morava com Ênio, o “novo” padrasto.   

Jefferson levou o caso à Justiça e na audiência decisiva quando tudo parecia favorável ele, com sua vitória na causa já dada como certa, Edi Lamar entrou no tribunal para depor contra o sangue do seu sangue, carne da sua carne.

Até o juiz, surpreso, indagou– A senhora é mãe do Jeferson? Ela respondeu – Sim, infelizmente eu escarrei ele.

 

A dor subiu à alma. O impacto das palavras da mãe o atingiu com tanta violência que o Pastor quase morre no próprio local. Ao fim de tudo perdeu a casa e todo o investimento empregado na obra.

No entanto, buscou forças na Bíblia para minimizar o abalo, lembrou o versículo. “Se meu pai e minha mãe me abandonarem, então o Senhor me acolherá”.

 

Depois de perder o imóvel teve que se desfazer da oficina; e de novo a vendeu, só que dessa vez por um preço muito inferior ao valor real do empreendimento.

 

Diferente do prejuízo da venda anterior, dessa vez o comprador honrou o compromisso pagando-o parceladamente. Jeferson ao receber o dinheiro ia sanando suas dívidas.

 

Ele começou tudo de novo, da estaca zero. Mas, agora caminhando com Deus.

PARTE DO CORPO SECCIONADO DEVIDO A UMA DOENÇA TERRÍVEL

O Pastor Jefferson que esteve ladeado pela morte em vários momentos de sua vida, quase atendendo a um chamado dela, a teria por perto novamente em dezembro de 2000.

 

Foi o ano em que recebeu o grave diagnóstico do *pólipos colorretal, a partir de uma internação de 10 dias na Santa Casa de Santos. A descoberta da doença aconteceu após a realização de uma bateria de exames.

*O pólipo colorretal, ou Adenoma Colorretal, é uma pequena lesão na superfície do cólon ou do reto. Ele se projeta da parede do tubo digestivo para o lúmen, ou seja, para a cavidade. Os pólipos podem ser planos ou elevados, benignos ou malignos. No caso de Jefferson era maligno.

Diante do quadro clínico revelado fez uma cirurgia de urgência. Na unidade médica encontrava tempo para orar pelos que, igual a ele, estavam enfermos.

 

Fim de ano e o centro de enfermagem estava repleto de pacientes. Todos ouviam as orações que eram feitas pelo Pastor Jefferson de manhã e à tarde.

 

Na véspera de Natal muitos tiveram alta. O pastor e mais duas pessoas continuaram internados. Um rapaz com a perna fraturada e um idoso com câncer no estômago, já em estágio terminal.

 

Naquele dia, o religioso conversou longamente com ele. Indagou se o idoso queria entregar a vida a Cristo. O paciente aceitou Jesus e naquela véspera de Natal veio a falecer.      

MUITAS DORES – Jeferson passou pela segunda cirurgia após a detecção de pólipos, mas o problema persistiu. A doença progrediu obrigando-o a se submeter a outra intervenção cirúrgica, que lhe custou a retirada total do intestino grosso e 10 centímetros do reto. Durante cinco meses sofreu dores terríveis, os pontos da cirurgia abriam como se alguém os desatasse.

O mal avançava, ainda em 2004 teve o diagnóstico de mais de 800 pólipos estomacal. Ao passar por uma endoscopia o médico responsável pelo procedimento informou que teria de retirar o estômago do paciente.

Um sábado antes de ir para o centro cirúrgico foi à Igreja Assembleia de Deus “Categral”, em Mogi das Cruzes. No templo religioso havia em torno de umas cinco mil pessoas. A pastora que ministrava o culto caminhou em sua direção, se aproximando dele disse – Jesus está curando o seu estômago.

 

Jefferson teria de retornar à Santa Casa numa segunda-feira (a cirurgia estava marcada para quinta-feira). O médico que havia falado sobre a necessidade da cirurgia telefonou ao paciente dizendo que durante a madrugada de sábado teve um sonho em que ao “abrir o corpo de Jefferson não encontrou nada para extrair”.

 

Em razão disso pediu novos exames para “desencargo de consciência”. Era uma segunda-feira quando numa segunda endoscopia foi constatado o milagre. Os mais de 800 pólipos se juntaram formando apenas um. A cirurgia de retirada do “único tumor” foi realizada por outro médico, com o paciente não precisando extrair o estômago. A SUA FÉ O CUROU.

De parceiro da morte passou a ser hóspede involuntário da Santa Casa de Santos. Em 2006 uma cirurgia de hérnia que levaria cerca de 40 minutos durou 6 horas. No procedimento retirou a alça do intestino e mais um metro do órgão.

 

Os pontos abaixo do umbigo que abriam desde 2000 só fecharam em 2004. Do local vazava sangue e pus: o mau cheiro exalado fazia as pessoas se afastarem do religioso.    

Visitado, em sua casa, pelo Pastor Marcos Moreira, o amigo de fé ao findar uma oração afirmou – Deus quer que você viva do altar dele. Se aceitar um ordenado Ele vai fechar o seu ferimento.

Contrário de religiosos receberem pelo trabalho que Jesus Cristo fez por amor à humanidade, sem salário nenhum, o Pastor Jefferson Bulgarelli relutou, mas acabou acolhendo o profetizado pelo amigo.

 

Na Igreja Livro de Betel da Última Hora, os irmãos e irmãs acordaram em um salário no valor de R$ 500,00 para o pastor.

Dias depois do primeiro pagamentotomava banho, em sua casa, quando sentiu uma fisgada na barriga. Passou a mão no local da cirurgia e puxou o que seria uma linha. Dali em diante o ferimento fechou e nunca mais abriu. A promessa revelada foi cumprida.            

DIAS DE PAZ E DE ESPALHAR O EVANGELHO DE JESUS

Os anos de tribulação foram cessados. A vida caminhada com Deus, e em Sua presença, traz a paz que o guerreiro precisa, principalmente daquele que Combate o Bom Combate. No ano de 2007, o Pastor inaugura web rádio Shekinah.

A programação é de louvores, ação social, orações, entre outras atividades. A locução conta com a participação de pastores que ajudam a levar a Palavra de Vida aos ouvidos de quem necessita de auxílio e conforto espiritual. A EMISSORA FAZ UM TRABALHO PARA DEUS.  

O Pastor Jeferson faz duas para a Alemanha - em 2008 e 2009. A primeira a passeio e a segunda a serviço da fé cristã em que sua permanência de 40 no país, na cidade alemã de Lindau, resultou na fundação de uma sede da Igreja Livro de Betel da Última Hora, que é frequentada pela comunidade local e também por moradores de Friedrichshafen, cidade vizinha.

Na sede da “Livro de Betel” numa ocasião ficou orando pelo povo alemão durante quatro horas. Naquela Casa de Deus presenciou um milagre: uma mulher paralítica voltou a andar.

 

Percebeu os desígnios do Pai Eterno ao notar que mesmo sem falar o idioma da terra conseguia ir a todos os destinos traçados.  

Foi da viagem às terras europeias – além da Alemanha, Áustria e Suíça – que atendeu o convite do apóstolo Eduardo Afonso – presidente da Convenção Bom Samaritano – para ir a Setúbal, em Portugal. Eduardo visitou Jefferson em sua casa em 2008, quando o convidou a participar de evento religioso na pátria co-irmã do Brasil.   

 

Essa viagem à Europa havia sido profetizada pelo próprio Jefferson ao religioso lusitano, quando revelou a Eduardo Afonso que Deus iria lhe entregaria uma chave ministerial.  

A confirmação desse compromisso de fé é datada de 18 de fevereiro de 2009. Depois de participar da convenção em Portugal, onde ficou por cinco dias, ele e sua esposa foram reconhecidos pelo apóstolo Eduardo Afonso como pastores missionários.

 

Logo que saiu de Portugal, o Pasto Jefferson partiu novamente para Alemanha para abrir a Igreja Livro de Betel da Última Hora, em Lindau. Na sequência desembarcou foi para a Suíça, fundar outra sede da instituição religiosa.

DE NOVO A DOENÇA E A PERDA DE MAIS PARTES DO CORPO

No seu retorno ao Brasil voltaram os pólipos. A saúde foi mais afetada em 2017, devido a problemas nos rins. Passou por uma cirurgia que minimizou, mas não resolveua situação.    

O sofrimento não ficou só no problema renal. Em 2018, exames revelaram o surgimento de um câncer anal. Nova cirurgia: entrou na sala às 7 horas e saiu às 15 horas. Tiraram-lhe o reto e o ânus. Por causa de a doença ter se espalhado na região abdominal extraíram mais 8 metros de intestino.

Quase morreu em face de uma forte hemorragia que o levou a repor 3 litros de sangue. Teve de suportar outras complicações que alongaram sua internação para 7 dias de tratamento. Atravessou momentos e dias difíceis que pareciam infindáveis.

No dia da alta médica, a técnica de enfermagem errou ao puxar a bolsa de colostomia, nisso as vísceras do paciente saltaram para fora da barriga. A médica que preenchia os papéis da liberação do paciente o socorreu “botando” tudo no lugar certo.  

Liberado do hospital, já em sua casa os rins pararam de funcionar. Novo retorno à Santa Casa e 4 dias na UTI, novamente liberado partiu para casa.  Sofreu horrores quando a enfermeira fazia os curativos necessários para evitar a infecção da cirurgia.

Porém, os cortes cirúrgicos que tinham previsão de fechar em 5 meses, fecharam em 40 dias. Numa manhã - 26 de janeiro de 2020 - o Pastor Jeferson acordou como se não tivesse passado por 7 cirurgias, 36 coloendoscopia e 15 endoscopia que lhe causaram dores e cicatrizes pelo corpo.

Hoje, o religioso está muito bem e atingiu 100% de recuperação plena. Os resquícios do infortúnio causados pelas doenças o impossibilitam de pegar peso e de exercer qualquer atividade que requeira força física.

O Homem de Deus trabalha com a força da fé no que se esforça exaustivamente para ganhar almas para o Nosso Senhor Jesus Cristo, o Mestre Maior e Pastor de todas as ovelhas.

    

 

 *Aristides Barros é jornalista, poeta e escritor

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Minha Mãe Edi Lamar Bulgarelli

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Pastor Bulgarelli   Antes

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Pr. Bulgarelli  Depoís

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